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Palavras
Quando meu silêncio está repleto de diálogos.
Foto Silvana Cardoso, Petrópolis, RJ, 30 dezembro 2017.
Papai Noel existe na Vila Encantada de Natal | Valoração Clipping 1 milhão
Por vezes penso que melhor mesmo é acreditar que Papai Noel existe. Não como a piada, mas como criança de coração puro que acredita num velhinho que desce pelo telhado com roupas de escaldar, num verão de matar, para deixar presentes e perguntar se naquele ano foi um bom filho, um bom aluno, um bom amigo. Tenho lembrança de um Natal em especial, que ganharia uma boneca grande, que naquele ano Ele ia deixar na janela do quarto dos meus pais. Foi tenso, mas lembro de toda a ansiedade do dia e do presente: a boneca que só me desfiz quando casei. Lembrei do Dindi, meu afilhado então com três anos, balançando a cabeça para o nosso Papai Noel que a cada resposta certa deixava ele receber um presente. Um Natal emocionante para todos nós ano passado, na casa de Diego e Carol.
Mas agora, após um ano desafiador, me deparo com um trabalho “de Natal”, com uma foto que desmonta a dureza do dia a dia desses doze meses e, de repente, podemos dizer: é Natal graças a Deus! E assim é bom pensar que podemos renovar as esperanças, fazer listas que deixaremos de cumprir, mas tudo bem pensar que vamos acreditar um pouco mais em nós mesmo, no outro e vamos chamar para sair de dentro do coração a vontade de deixar o outro feliz. Ser amor no mundo.
Assim chegou do Ceará a Vila Encantada de Natal. Veio para inundar de alegria, em praças públicas, crianças de Caxias, Itaboraí, São Gonçalo, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia, a partir de hoje, em dois fins de semana, com oficina de enfeites natalinos, cinema, teatro e a vontade de unir as pessoas fora do eixo turístico da capital – uma realização corajosa do Grupo Manga, com o patrocínio da Enel.
E, por conta de estar envolvida no trabalho com a “Vila”, percebo que hoje estou muito mais animada para renovar minha fé em 2018. E que assim seja para todos nós.
Projeto em parceria com Ana Paula Romeiro
Foto: Grupo Manga
Clipping: https://drive.google.com/open?id=1jtVCCpM9R3hv81qPTD4RxwLFlhQ9HvW5
O exercício era: escrever uma carta, cujo narrador é um personagem histórico.
Querido Pai,
Trago notícias e venho por meio desta dividir a minha aflição, pois parece que tudo deu errado nos nossos planos. A concepção de uma nova era a ser contada a partir da minha chegada neste planeta azedou de vez e tudo que combinamos fazer por amor ao próximo vem se transformando em ódio ao próximo. Aquelas barbáries cometidas nas arenas da Idade Média agora são transmitidas via satélite. O Senhor sabe o que é um satélite? Se não, deveria se aprimorar, pelo menos em conter o poder que deu aos homens de boa vontade, pois estão se matando sem piedade e em larga escala – via satélite.
A fome e as pestes estão por todo os lados outra vez e a penicilina já não da conta de manter tanta gente viva, assim como a intolerância mata em teu nome, seja lá qual nome querem te nominar. A velocidade para espalhar medo é tão grande que, para te dar uma noção do que estou falando, meus doze amigos e seus seguidores não sobreviveriam por um dia sequer nestas terras que o Pai me deu. Os inventos diminuíram as distâncias entre os continentes mas, com o tempo, descobriram que poderiam dominar as pessoas e assim se fez a colonização dos povos inferiores. E fizeram escravos e a descolonização gerou guerras e mais guerras. Povos foram dizimados, isolados e continuam em busca de paz e comida pós descolonização. São agora reconhecidos como Terceiro Mundo.
Também não tem comida para todos, meu Pai. Tem muita gente por aqui e continuo a vagar por ai, mas já não me reconhecem e, enquanto falo de amor e paz em Teu nome, crianças morrem de fome e o desamor é a palavra de ordem. Cada um por si, Deus por todos, é o lema. Cada um precisa livrar a sua pele e a química veio para salvar, para criar zumbis e, agora chegou a notícia da droga “dos canibais”. Melhor mesmo é uma que anestesia, em larga escala, para livrar o homem da dor do universo tão infinito. Mas o Senhor deve estar sabendo que, além de tudo isso, agora temos a busca do transumano. Serão “imorríveis”, olha que beleza! E quando tudo der errado por suas próprias escolhas, ao menos vão precisar chamar por Teu nome e isso pode ser uma vantagem.
Mas tenho uma questão grave neste nosso projeto para questionar: qual o motivo do Senhor deixar aquele astronauta da Apollo 8, na véspera do meu aniversário de 1968, por um acidente, registrar a imagem da nossa morada planetária? Perdão a palavra, mas não acreditei quando vi aquela bola azul brilhante, que se fez verdade para aquela teoria da era antiga de Pitágoras, o Grego, que diz ser uma esfera onde habitávamos.
Uma vez ouvi de uma sábia senhora que a ignorância é uma dádiva. Pois é, assim somos apenas a Terra, linda, redonda e azulada, nada menor ou maior para dominar. Na verdade somos apenas, e Eu me incluo, já que estou aqui a falar para as pareces, trilhas humanas como formigueiros em busca de comida para sobreviver até a próxima estação – enquanto outras formigas morrem alagadas, na seca, esmagadas, neste mesmo universo criado por Ti.
Perdão a momentânea desesperança, mas preciso confessar que percebo que falhamos.
Mas ainda creio em Deus Pai, Todo Poderoso.
Com amor, seu filho.
Jesus
RJ, Novembro, 2016
Foto: Silvana Cardoso
A nossa fé e a fé no outro
Nem sempre é fácil ter fé no outro diante das inúmeras atrocidades humanas, sejam os atentados da última era do terrorismo que vivemos ou mesmo diante dos políticos do nosso país. Mas a verdade é que ter fé ainda nos salva a ter fé de que algo vai melhorar. Sou cristã e espiritualista de formação familiar, mas descobri que acreditar que tudo dará certo é muito mais difícil que crer no subjetivo.
Um dia ouvi que na Alemanha não era preciso ter fé, pois lá tudo funciona perfeitamente para a população. Imagino que isso facilita acreditar que o ar, a água e o sol é tudo que se precisa para viver em paz, quando segurança, educação, saúde e as lei que protegem o cidadão estão em dia. Mas como acordar sem fé no Brasil? Mesmo que eu estivesse na Alemanha ficaria de lá rezando, mantrando, orando, meditando por vós, por nós e por todo o planeta em declínio.
E hoje foi um dia de fé aqui no bairro, já que 8 de setembro é dia de N.Sra da Penna, santa protetora das artes, das ciências e das letras, padroeira da imprensa, que descobri por causa da Tia. Ninguém da minha aldeia profissional a conhece e isso me faz lembrar daquela brincadeira do novo Zorra (programa da Rede Globo), quando Deus resolve questionar a falta de devotos de um determinado santo. Se “Jacarepaguá é longe pra caramba”, já diz a música, imagina conhecer nossa-senhora-da-pena, que fica na Freguesia, uma igrejinha mínima encrustada lá no topo de uma pedra.
Mas hoje o pátio do lado de fora da igrejinha é coberto especialmente para a data, fica lotado para a missa, que nos últimos anos, neste dia, conta com a celebração de Dom Orani. O evento começava às 11 horas, a fila do teleférico estava imensa e subi a pé todo o “morro”. Cheguei derretida e, por sorte ou fé, tinha uma cadeira vazia bem ali na primeira fila, a minha espera.
Deixo de lado as minhas diferenças com a Igreja Católica Romana (prefiro os Ortodoxos) quando o assunto é Jacarepaguá ou Santo Antônio, e ali estava eu de frente para a imagem. Pensava o quanto era estranho ter uma santa que “tecnicamente” é a protetora de uma classe em maioria de ateus ou agnósticos, mas segui ouvindo Dom Orani Tempesta, o Cardeal Arcebispo da nossa cidade. Ele falou sobre o perdão, sobre dar o primeiro passo em direção ao outro, aceitar o outro, sobre as intolerâncias que estamos presenciando mundo afora.
Fiquei ali olhando aquelas pessoas, olhando todos nós, entre crianças e o Sr. José Augusto, fotógrafo e homem de fé, que usa uma máquina analógica e de joelhos faz as imagens na hora da comunhão. E fiquei ali com aquela energia de amor e paz que me fez pensar o quanto me ajuda ter uma fé inabalável nas energias boas do universo e, acima de tudo, ter fé no outro.
Foto: Silvana Cardoso