Dia de Cosme e Damião, que para os crédulos inclui o pequeno Doum, que de tão pequeno, quando se foi, não deu tempo de aprender a falar.
Hoje fiz um agrado para as crianças, como faziam minha mãe e meu Tio Adilson.
Mamãe adorava ir na Casa do Biscoito para comprar caixas de doces para fazer os saquinhos. Nos seus últimos anos, já com pouca memória, eu e meu filho Diego íamos para lá distribuir os doces dentro dos saquinhos, pois se deixássemos com ela sozinha um ganharia só bananada e pirulito e outro suspiro e Maria-Mole.
Era divertido vê-la feliz fazendo aquela confusão para encher os pacotinhos com a foto dos santos estampada no papel. Depois, chamava as crianças do condomínio e passava a semana contando como foi a bagunça na sua janela, no apartamento de primeiro andar. Já o Tio tinha uma prateleira com um pequeno altar aceso com uma lâmpada tipo bolinha, colorida de abobora ou azul, mas sempre acesa, com um pratinho com doces e três copinhos pequeninos, que sempre tinha guaraná. O Tio trocava doces, balas e guaraná por todos os fins de semana de sua vida.
Mamãe e o Tio eram os irmãos mais novos, ele o caçula com diferença de quatro anos para ela. Mas quis o destino que eles tivessem juntos o Tifo. Ele criança, ela quase mocinha. Uma doença que matava, com uma febre que cozinhava o enfermo. Sobreviveram. Dizem que graças a fé de minha vó nas crianças da crença popular – São Cosme e São Damião.
Hoje lembrei deles e corri na rua para comprar uns doces. Liguei para a Tia Marlene (mulher do Tio) e descobri que ela havia feito o mesmo, correu na rua para arrumar o altarzinho dos santinhos.
Independente da nossa crença, carregamos a crença dos nossos e hoje me senti um pouco perto deles, que partiram quase juntos em 2015.
Achei que ficou bonitinho, coloquei uma rosinha. Agradeci, desejei parabéns e fiquei feliz com o ritual tão familiar.
Feliz dia de Cosme, Damião e Doum.
Pedro do Rio, 27 de setembro de 2020.
Foto que fiz da da homenagem, com doces e a velinha.