Arquivo da tag: cultura

PERDENDO REFERÊNCIAS, NUMA CULtURA ÓRFÃO

Sabemos do agora e o agora está doendo dentro de nós. Seja pelo descaso de um governo que virou as costas para a cultura do país, seja pelo incêndio da cinemateca de São Paulo, nada mais é tão visível quando a tristeza que abala a cultura nacional nestas últimas semanas. Estamos perdendo as referências, numa cultura órfão. E todos os dias não é diferente, mas esta semana, com a perda de dois grandes atores, Paulo José e Tarcísio Meira –sendo a partida de Tarcisão (como era chamado pela classe artística) pelas complicações da COVID-19, está doendo em cada um de nós, que vivemos neste universo da cultura, e em toda uma nação, mais uma vez. E costumo repetir a frase do russo Leon Tolstoi (1828-1910): “Canta tua aldeia e cantarás o mundo.”, quando é preciso entender que sem a nossa história cultural, nossas raízes, nosso reconhecimento em nós como povo, vamos perdendo a própria identidade. E Liev Nikoláievtich Tolstói escreveu um dos romances mais grandiosos e aclamados da literatura mundial, “Guerra e Paz”, que na sua versão original tinha mil páginas, onde o autor, um pensador social e moral, um dos mais importantes autores da narrativa realista, passou cinco anos debruçado sobre o romance histórico e filosófico, onde reconstrói a Rússia no tempo de Napoleão, quando escreve sobre a invasão do seu país pelo exército francês, até a sua retirada, entre 1805 a 1820.

E por que falar agora de Tolstoi? Porque as memórias das vitórias, até mesmo das batalhas, precisam ser lembradas e exaltadas com orgulho por seu povo. E o povo brasileiro, como do mundo globalizado, está com sua faixa etária cada vez mais alta. E, para quem atua como esta escriba há mais de 30 anos com cultura, parece que estamos há um passo de perder nossas maiores referências. Pois somos um país jovem, sem muitas batalhas como foi no continente europeu, que após suas conquistas ficaram conhecidos como Mundo Velho, ali no século XV. E o que Tarcísio e Paulo representam nesta escalada de dor por tantas perdas? Estamos nos transformando em um país que não houve a ciência, não preserva suas florestas, seu povo, suas memórias, pois atua com descaso para a memória cultural, como aconteceu recentemente com o acervo precioso da Cinemateca Brasileira em São Paulo, após o incêndio devastador no dia 29 de julho. Como aconteceu também com o Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2 setembro de 2018, que até aquela data era considerado um dos maiores acervos de história natural e antropologia das Américas, com mais de 20 milhões de itens históricos.

Hoje, após a notícia da partida do nosso Tarcísio Meira, somada a partida do nosso Paulo José, não somado a isso a ideia deles serem já homens com idade avançada, mas somado a falta que suas vozes, e de tantos que já partiram desde Flávio Migliaccio e Aldir Blanc, farão falta para toda uma sociedade que clama por paz e honestidade, em meio a guerra contra o vírus. Após essa reflexão, sentei olhando os pássaros se alimentando no comedouro do abacateiro – livres –,  pensei que poderia ser melhor estar sendo passarinho neste dolorido contexto. Mas como o canto dos pássaros, temos ainda que acreditar nas vozes pensantes e coerentes do nosso povo, aquelas que lutam por cada pedaço de floresta ou acervo, que lutam por cada grito de liberdade, de honestidade, de igualdade. Sim, que venha a renovação para novos tempos de paz e prosperidade. Enquanto acreditamos nisso, deixo um pequeno trecho de Guerra e Paz, de Leon Tolstoi, que pode traduzir o que precisamos mais agora que no século IXX.

“Como se através de uma janela aberta num quarto abafado soprasse de repente um ar fresco do campo, assim também soprou, no abatido estado-maior de Kutúzov, a mocidade, a energia e a convicção da vitória que vinham daquela juventude radiosa que chegara a galope.” (trecho do romance Guerra e Paz, de Leon Tolstoi)

Foto: o luto!

LEI ALDIR BLANC: UM BREVE SUSPIRO PARA A CULTURA

A Insdústria do Entretenimento ganhou um suspiro com a Lei Aldir Blanc, mas um novo silêncio já começou para profissionais ligados ao setor no país. Uma crise sem precedentes, que comento no meu artigo para o necessário Instituto Mulheres Jornalistas. Além do texto, o podcast está no link do artigo Opinião, abaixo.
https://mulheresjornalistas.com/lei-aldir-blanc-um-breve-suspiro-para-a-cultura/colunas/opiniao/

Quando em março de 2020 a indústria do entretenimento parou com a primeira medida de isolamento social, parou também a economia criativa que gera milhares de empregos diretos e indiretos, milhões em receita. Meses depois, presenciamos as campanhas de apoio aos técnicos e demais profissionais do setor e, finalmente, uma lei cultural que ganhou o nome da nossa primeira perda artística pela Covid-19, do compositor Aldir Blanc. Mas nada andou para a classe trabalhadora da cultura e do entretenimento do nosso país, que continua amargando um necessário e cruel isolamento, quando teatros, casas noturnas, eventos e festivais continuam não acontecendo presencialmente. Doze meses depois daquele início de isolamento a Lei Aldir Blanc precisou adaptar os projetos contemplados para o formato online e, assim, de repente, produtores e artistas estão correndo como loucos, todos ao mesmo tempo, adaptando para o online os seus projetos que precisavam ser lançados até 31 de março.

Sancionada em junho de 2020 para amenizar a grave crise da Indústria do Entretenimento, a LAB, como carinhosamente é chamada a Lei Aldir Blanc, chegou com o auxílio emergencial, que estima-se ter contemplado em torno de 700 mil profissionais da área da cultura. E nos últimos dois meses, a correria insana dos produtores de cultura para colocar de pé e executar projetos contemplados pela LAB até o dia 31 de março. O que mudou na semana passada, quando quase todos estavam com suas estreias agendadas e suas equipes contratadas, surgiu a possibilidade de prolongar por mais 30 dias o prazo para executar seus projetos, até o fim de abril. Uma pena, pois em janeiro teria sido uma ótima notícia, mas não faltando uma semana para a chegada de abril.

Enquanto a pandemia acelerou a transformação digital na indústria do entretenimento, acompanhamos desde março de 2020 as mídias digitais se transformando em palco para todos os tipos de apresentações, sejam de teatro, dança, música, oficinas, bate-papos e tudo que se pode imaginar dentro do universo do entretenimento, estão acontecendo agora. Mas enquanto escrevo e em poucos dias, novo silêncio para o setor. Outros, como casas de cultura ou de espetáculos que resistiram até aqui, começam a desistir de se endividarem para manter suas portas fechadas por mais sabe-se lá quanto tempo. Estabelecimentos como o Bourbon Street Clube, que atua há quase três décadas em São Paulo, anunciou na semana passada a intenção de fechar de vez as suas portas.

No segundo semestre de 2020 uma pesquisa da empresa PwC Brasil alertava para uma possível recessão no setor. Uma queda de US$2,5 bilhões na receita,  no estudo Global Entertainment & Media Outlook 2020-2024. Esta mesma pesquisa avalia o impacto da pandemia do Covid-19 na indústria global de entretenimento e o número era estimado para uma perda de US$120 bilhões para o setor, a maior em 21 anos de pesquisa. Nestes últimos dozes meses presenciamos vaquinhas, auxílios de classes, como da APTR – Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro, bem como outras ações isoladas por todo o país para salvar uma ou outra classe. Mas diante da falência do setor na maior metrópole do país, o município de São Paulo criou um novo plano de amparo à cultura, para amenizar a morte anunciada do setor e promete lançar um edital para socorrer centros de cultura e casas de espetáculos. Em Porto Alegre, a secretaria de cultura estuda suplementação de edital para socorrer o setor. 

Já a Lei Rouanet, atual Lei de Incentivo à Cultura, contabilizou uma perda de 35% nos incentivos fiscais das empresas em apoio à cultura. E como investir se as empresas estão buscando a reinvenção das suas atividades, se adaptando ao home office? E como bater na porta de uma empresa para solicitar patrocínio se os projetos aprovados, em sua maioria, ainda estão formatados com público presencial? Mas a música gravada e distribuída pelas plataformas de streaming cresceu 7,4% em 2020 para a indústria fonográfica mundial. Mas tais números não estão ao alcance de milhares de profissionais da cadeia menor do mercado da música. Artistas independentes que atuam no mercado da noite, além de técnicos, não estão nesta conta como beneficiados deste crescimento. E já podemos imaginar como será a nova pesquisa sobre as perdas após todos estes longos e sofridos meses no planeta.

Com o nome de economia criativa, presenciamos profissionais usando dos seus talentos pessoas com criatividade para vender, bolos, marmitas, hortaliças e dar aulas online. Mas enquanto abril chega, já imagino o silêncio sepulcral para o setor do entretenimento, mas ainda posso transformar a minha sala ou a nossa sala em plateia, para aqueles que continuam a encantar com o talento, com sua arte – lives que foram e ainda são alento para aqueles meses já distantes de isolamento social de 2020. Mas quando abril de 2021 chegar, já estaremos amargando mais de 300 mil mortes e lock down espalhados por cidades de todo o país. E quando abril chegar, desejamos que uma nova edição da Lei Aldir Blanc possa acontecer ainda neste ano de 2021 e, mais uma vez, ser um novo suspiro para socorrer parte da cadeia imensa de profissionais que continuará agonizando.


FESTIVAL LÁ DE CASA, DE HOJE A DOMINGO NO INSTAGRAM

Nasceu esta semana o Festival Lá de Casa @festivalladecasa, que começa hoje às 17h no Instagram, com 42 artistas fazendo a sua arte. Tudo começou com um artista antenado, que fez uma live no seu instagram já no dia 12 de março, no horário do show cancelado em Brasilia e outro no dia 14, para o show cancelado do Rio de Janeiro. E assim, com Ana Paula Romeiro e o querido Marcos Almeida , trocamos ideias e o músico conseguiu montar este lindo festival. Eu e Ana Paula na assessoria, produção da Casa de Abelha Cultural, com o designer @arthurvergani e apoio do Brasileiríssimos vamos fazer alguma coisa que possa nos deixar em movimento, e este é o lema agora. E o mundo das artes, tão necessário para todos, está chegando com a resposta do que pode acalentar os corações. Nas fotos, a nossa programação de hoje a domingo, das 17h à meia noite. Vambora mostrar o motivo da importância da cultura de um pais. Vamos fazer arte.

CASA DE BARRO É DANÇA E RITUAL CÊNICO

Espetáculo de dança que busca a origem do corpo e do ser. Utiliza o plástico e o barro como matérias primas, para falar da metamorfose, da transformação das coisas, das pessoas. Um retorno às perguntas da humanidade, tendo em vista a origem do homem, o futuro e o sentido da existência.
“Casa de Barro” é dança, é ritual cênico, é a metamorfose do corpo, do casulo que se transforma em homem, origem das perguntas e do questionamento: De onde viemos? Para onde vamos? Quem somos?

LINK IMAGENS EM VÍDEO: https://youtu.be/fS1WmNKByFk
Foto Leonardo Miranda, manipulação de imagem Cacau Gondomar.
Assessria para a temporada de 7 a 24 de novembro de 2019.

Clipping assessoriad de imprensa: https://drive.google.com/open?id=1iWOf_MXPQ2FUdPk6dH2gw6Tr2DRwLzO-

Quero, Quero é grito de Tunico da Vila

Tunico da Vila chegou meio que de repente e nada de mansinho ou devagarinho como o pai. E como já chega chegando, lança pela Sony Music o single e o clipe de Quero, Quero, releitura para o samba de autoria de Martinho da Vila, gravada originalmente no LP Presente, em 1977. Single e clipe chegam às plataformas digitais com a mistura do rap, com mensagens sobre liberdade e os direitos soberanos dos seres humanos.
A releitura do cantor e compositor conta com as participações mais que especiais do pai de Tunico, Martinho da Vila, e dos rappers BK, Dexter, Rappin Hood, Kamau, Rashid, e do coletivo Melanina Mc´s, que fizeram inclusões originais na canção (conforme letra completa da música e inclusões, em anexo).
Evoé Tunico, o seu grito nos representa.
Assista ao clipe de “Quero, Quero”: https://youtu.be/4ARO2ZHzqPA
Ouça a música “Quero, Quero”: https://SMB.lnk.to/QueroQuero
Clipping assessoria de imprensa: https://drive.google.com/open?id=1POPSMuuDPH-em-GlkQ9rG-T5DWvnchjz