Algumas horas nos separam da nova estação. Alguns dias nos separam do primeiro ano do resto de nossas vidas. Seja no pessoal ou no profissional, o desafiador ano de 2020 abalou as estruturas, misturou os sentimentos, refez diretrizes, mas quem semeou vai colher – seja força e coragem, reinvenção profissional ou crescimento espiritual. Não importa a ordem, quem de alguma forma se fortaleceu com 2020 já está fazendo planos para 2021.
Por aqui, quando agosto chegou com seus ventos gelados para iniciar o semear, e enquanto aguardávamos a chegada da primavera, além da semeadura chegavam os pássaros enamorados. E neste agosto, enquanto o home office já era fato numa jornada desleal para muitos, lá fora, o balé e o longo canto do sabiá laranjeira ecoou como todos os anos. Foi a liberdade de ser pássaro versus a prisão de ser humano versus a fumaça das queimadas que dividiu em dois a tragédia do nosso país, com queimadas e Covid-19.
Para muitos o home office é um sofrimento, para outros, a liberdade das amarras do cotidiano profissional. Mas quando se trabalha em casa há mais de uma década, independente, é preciso gostar de cotidianos, da disciplina do plano do dia. E eu gosto. Mas de todas as conquistas que mantiveram a minha carreira em ordem com a liberdade almejada por muitos, algo ainda me faz falta: o dia-a-dia com a equipe.
Mas aqui tivemos equipes organizadas revoando com a chegada da primavera. Trazem aprendizados com a migração, assim como estamos tentando novos aprendizados nestes últimos meses. E por aqui, mais observação menos falação, alguns ninhos em volta da casa, mães desesperadas para alimentar seus bebês pássaros, misturado a saudades diversas que foram sendo diluídas à conta-gotas.
E quanto a liberdade? Bem, Santo Agostinho, um grande filósofo e teólogo que falava do livre arbítrio, disse: não importa se estamos presos, a liberdade está dentro de nós. E nestes últimos meses observar os pássaros ajudou a amenizar dúvidas e acreditar que a cada estação temos muito a aprender, como ensinar um filhote a comer e a voar, enquanto ele se fortalece.
Na foto, nosso pequeno Josué, que em breve seguirá na essência do que chamamos de liberdade. Verão, seja bem vindo para todas as pessoas.
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2021.
Linda crônica. Nada mais liberto que um par de asas. E que possamos sempre observar e aprender com a Natureza.
Parabéns!
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Obrigada, Iara. Lindas palavras. Feliz Natal para vc! Um abraço carinhoso, Silvana
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