Histórias no Ar

Acho bonito ver as pessoas que já nasceram sabendo a profissão que vão seguir. Desde muito pequena até o início da adolescência eu acreditava que seria médica, a profissão mais bonita do planeta, dizia. Queria cuidar do outro e descobri que poderia fazer isso sem ser médica. Com a biologia, a ciência e muita água nos meus planos, aos 16 anos fiz vestibular para uma única turma de 28 vagas, na UERJ, para O-ce-a-no-gra-fi-a. Quase apanhei da minha mãe e, rapidamente, entendi que deveria fazer novo vestibular enquanto esperava um ano para tentar outra vez. Assim, descobri que nas “Humanas” estava o curso de Comunicação Social.

De família simples e sem o meu pai por perto para me orientar (ele faleceu quando eu tinha 14 anos), encontrei no namorado da minha prima, jornalista já formado, as respostas para o curso que eu queria tentar num vestibular isolado. Alguns meses depois a Oceanografia me perdeu, ao decidir pela Universidade Gama Filho, onde, a partir daí, construí carreira como profissional de comunicação.

Assim, há mais de duas décadas que esse olhar nas “Humanas” me leva de encontro a trabalhar com pessoas criativas. E tudo é muito humano, muito criativo e muito intenso também. Nenhum dia é igual ao outro e quando as pessoas estão se divertindo eu estou trabalhando, e quando vejo TV fico reparando se falaram errado, se a roupa não combina com a jornalista, ou mesmo se a gravação é um playback descarado. Ó vida, seria suficiente ver TV apenas. Mas adoro tudo isso.

Tenho a escrita no meu DNA desde pequena, sem perceber, quando era muito normal os pensamentos serem datilografados na Olivetti do Tio. Ainda tenho estes textos de menina, poemas e afins, folhas que agora estão bem amareladas, mas esticadinhas num saquinho plástico de fichário. Há alguns anos o Tio se rendeu e me deu a máquina de presente, que hoje me faz companhia na bancada de trabalho. Às vezes, de rabo de olho, quase peço aprovação para escrever algo novo, já que preciso contar histórias e ela é a minha mais antiga cúmplice na empreitada.

E quando decidi criar o site para apresentar o meu histórico profissional, resolvi fazer contando as histórias que marcaram a minha experiência de toda uma vida (e ainda faltam algumas). Acredito num olhar mais humano para algo que, por vezes, banalizamos como um veiculo para se ganhar dinheiro, para se conquistar sucesso, para se ter poder. Pode ser tudo isso, claro, mas viver dentro de uma empresa por oito ou doze horas por dia, sete dias por semana, pode ser estressante, caso não goste do que faz, e gosto de gostar. Para ilustrar, nesta etapa da construção do conteúdo do meu histórico profissional, eu não teria conseguido sem a ajuda de Juliana Feltz, amiga querida e parceira, que entrou na minha vida há quase uma década para um job mínimo, e ficou. Hoje, caminhamos juntas nessa estrada imensa da amizade (Obrigada, Juju).

Por isso acredito que seja possível olhar parte destas horas como um aprendizado humano, sair ganhando até mesmo quando se desiste de continuar num determinado trabalho. Sempre há chance de conhecer alguém que será seu amigo para toda a vida ou mesmo rir de nós mesmos ao relembrar situações absurdas. Ter uma boa história daqueles dias para contar num futuro próximo, sem perceber, pode ajudar na construção de um profissional melhor. Só depende de uma pequenina dose de boa vontade.

Sejam bem vindos a http://www.passarimcomunicacao.com

 

Rio de Janeiro, 25 de maio, 2017
Foto: Silvana Cardoso

Uma consideração sobre “Histórias no Ar”

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