Bilhetinho para Deise

Deise, querida

Quando recebi o pedido para este bilhetinho não tinha ideia de como ele seria entregue, mas uma certeza encheu o meu coração desde aquele primeiro segundo: ele falaria sobre as lembranças que tenho de mim em sua companhia.

Quando perguntam sobre “aquelas coisas” que lembro da minha infância, digo: eu e minha prima Deise de batom vermelho embaixo dos olhos por conta do sarampo; eu e minha prima Deise fugindo das broncas da vovó; eu e minha prima Deise levando com o lápis na cabeça para prestar atenção no meu pai ensinando o dever de casa; eu e minha prima Deise indo para a Dinda, nossa explicadora; eu e minha prima Deise na minha primeira foto como estudante; eu e minha prima Deise que, já adolescentes, íamos para as festas e, as vezes, trocávamos de namorados.

A Deise, a prima-irmã que ficava mais na minha casa que na dela. E quando ia embora eu queria ir atrás dela. Ficávamos tão juntas que faziam roupas iguais e temos fotos das gêmeas-loura-morena-alta-baixa para comprovar. A Deise, a afilhada do papai e da vovó, que todas as primas tinham ciúmes por quererem aqueles padrinhos. A que sempre foi a mais dengosa, a mais ciumenta e sabia desenhar. A beijoqueira, como dizia vovó.

É claro que também tivemos momentos tristes e de dor que passamos juntas, mas as boas histórias estarão sempre no topo da lista. Hoje, muitos anos se passaram e continuamos as netas da casa, as sobrinhas da casa, as mães de Diego e Daniel, continuamos amigas. Damos boa noite todos os dias e as vezes choramos juntas. E quando algo magoa ou aborrece, uma não dorme e a outra não come até fazemos as pazes, já que nada pode ser maior que o nosso amor e a nossa amizade.

O tempo é sábio e ele nos reserva sempre as boas lembranças e, numa pequena olhadela lá para trás, podemos ver aquelas garotas indo para a escola, para o baile, para o casamento, para rever as nossas melhores histórias. Hoje, quando vejo o Daniel no meio da mesa do jantar e Diego se divertindo com o primo mais novo; quando observo a amizade deles; quando olho os nossos filhos amigos; percebo que conseguimos cria-los no amor, na amizade e em família, como nós.

Para fechar este bilhetinho, preciso te contar que Daniel me pediu para escrever algo no momento que, concidentemente, precisava urgente fazer o release de mais um CD gospel. Assim te escrevo, com o coração repleto do amor e de fé, embalado por essas canções.

Sei que vamos caminhar juntas – sempre ao seu lado e você ao meu. Porque somos amigas-irmãs-criadas-por-vovó.

Um beijo imenso e apertadinho.
Silvana

 

setembro, 2016

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